Mais genuíno é difícil: Dr. John
nasceu na sulista Nova Orleães, Luisiana, e o seu primeiro LP, Gris-Gris
(1968), relembra que o Rock é uma entidade misteriosa feita à medida do lado mais sombrio da espécie humana. Por isso, o sucesso foi curto, mas, também exatamente
pelo mesmo motivo, o culto foi intenso e duradouro, basta pensar nos
norte-americanos The Cramps.
O Jardim de Inverno dos Nibelungos é uma fanzine online e não pretende mais do que fazer a crónica de um mundo onde o exílio é voluntário. Sejam bem-vindos.
quinta-feira, 30 de abril de 2015
quarta-feira, 29 de abril de 2015
terça-feira, 28 de abril de 2015
Aristocracia germânica 1
Foi uma fatia saborosa da
adolescência, um disco ouvido incontáveis vezes, uma memória ainda hoje saciada
pelo regresso mais ou menos rotineiro a Aristocracie, dos alemães Phillip Boa and The Voodooclub. Sem grande relevância para a história conhecida da Pop,
fica a delícia de um grupo amado por poucos, mas, como diz sabiamente a voz do
povo, bons. Aristocracie para sempre!, exclama um republicano.
segunda-feira, 27 de abril de 2015
domingo, 26 de abril de 2015
sábado, 25 de abril de 2015
Um feriado justo 1
A Revolução tem a sua banda sonora –
José Afonso, José Mário Branco, Sérgio Godinho, Fausto, Luís Cília… –, mas o
dia 25 de abril de 1974 não escancarou apenas as portas aos velhos combatentes,
pois ele foi o primeiro do processo de construção de uma nova cultura jovem,
que, na Pop, frutificará no final dos anos 70. O melhor exemplo deste Portugal
novo – ainda que bastante minoritário, como acontecera aos modernistas reunidos
na revista Orpheu há exatamente 100 anos – será o LP Free Pop (1987), dos Pop
Dell´ Arte, que faz da liberdade e do inconformismo irmãos inseparáveis na
vida, ainda que, para nosso mal, prevaleça a mera visão formal da liberdade.
sexta-feira, 24 de abril de 2015
quinta-feira, 23 de abril de 2015
Uma princesa no Jardim 1
PJ Harvey deu já sinal de vida no
nosso Jardim, mas a sua proeminência nos
últimos vinte anos de Pop/Rock justifica plenamente uma dedicatória alargada a
uma das melhores cantoras da atualidade. To Bring You My Love (1995) e White Chalk
(2007) são, provavelmente, os discos preferidos das nossas plantinhas, mas é
rigoroso dizer que a inglesa nunca esteve perto de desiludir a frescura em que
teimamos habitar.
quarta-feira, 22 de abril de 2015
Um urso no Jardim 1
Não têm a notoriedade dos The
National – que, no presente, são o melhor exemplo de um grupo capaz de crescer
sem virar costas aos seus princípios –, mas os Grizzly Bear não esqueceram a
importância de fazer música capaz de suscitar, de fio a pavio de um disco, o
interesse, o que lhes permite elevarem-se de um quotidiano onde a formação torrencial de
grupos, projetos e aventuras sortidas se tornou numa banalidade à medida da
Internet.
terça-feira, 21 de abril de 2015
segunda-feira, 20 de abril de 2015
domingo, 19 de abril de 2015
De São Francisco a Bruxelas 1
Os Tuxedomoon viram a luz do Sol aquando
da tremenda vaga Pós-Punk, mas enquanto muitos outros pereceram sem que
tivessem encontrado o caminho que os arrancasse daquela cápsula histórica, os
são franciscanos mudaram. Em Bruxelas encontraram a melancolia que só os
lugares carregados de passado possuem e a sua música ganhou um paisagismo
cinemático mais europeu que norte-americano. Também a não
perder são as aventuras a solo dos membros do grupo.
sábado, 18 de abril de 2015
sexta-feira, 17 de abril de 2015
O mais gaulês dos britânicos
Bill Pritchard nasceu inglês, mas a
sua música sempre exibiu uma forte costela francófona, o que lhe deu uma
coloração própria num mundo dominado pelo eixo anglo-americano. A Pop de
Pritchard sugere dias mais radiosos, ao mesmo tempo que atribui à melancolia
uma sensualidade rara em grande parte dos seus compatriotas dedicados a igual
ofício.
quinta-feira, 16 de abril de 2015
quarta-feira, 15 de abril de 2015
terça-feira, 14 de abril de 2015
Juventude lusa contra a fancaria 1
A televisão portuguesa vive um
estranho caso de exaltação/negação no seu discurso sobre a música Pop que se faz
por cá. Por um lado, propaga a ideia feita da capacidade nacional em sermos tão
bons como os outros, ao mesmo tempo que raramente entreabre as suas portas à vitalidade
emergente. Traduzindo, os três canais alavancam a sua seleção musical em
consagrados, vencedores de concursos de talentos, subprodutos como a família
Carreira e estrelas africanas de equivocada africanidade, enquanto a verdadeira
vida, a bordo de nomes mais ou menos conhecidos, é proscrita em nome do
superior interesse da ignorância.
segunda-feira, 13 de abril de 2015
domingo, 12 de abril de 2015
De Coventry para o mundo 1
Não é segredo nenhum a preferência
do nosso Jardim pelo período do Pós-Punk. Talvez a explicação esteja no
contraste entre esse passado e os tempos que correm, ou seja, entre uma ideia
de pertença a um espaço – editoras, discos, fanzines, jornais, palcos – e a
presente tendência para a imaterialidade. Tal visão não desqualifica a música
de hoje, mas impele, recorrentemente, a vontade até aos mil caminhos daquele
momento histórico, neste caso através dos The Specials, que sublinharam a
diversidade como o maior tesouro da espécie humana.
sábado, 11 de abril de 2015
sexta-feira, 10 de abril de 2015
A fúria dos The Fall 1
Nasceram no tempo do Punk, nunca o
foram na sua verdadeira aceção, mas, contraditoriamente, jamais
expulsaram por completo a virose com que contactaram nos idos de 1977. Os The
Fall são exatamente isto, uma memória viva de um tempo de luta e o eterno Mark
E. Smith é o dínamo incansável de um brado de desconfiança, que tem como alvo o
mundo contemporâneo que nos é, diariamente, servido à colherada.
As canções de Godinho 1
Já conta com mais de quarenta anos
de carreira, mas apesar da notabilidade da sua música, Sérgio Godinho continua
a não ser consensual entre os portugueses. É verdade que começou a sua
caminhada junto da vaga histórica informalmente liderada por José Afonso e que
cantou os anseios de 74/75, mas será absurdo circunscrevê-lo à ideia de
trovador político. Consideremo-lo antes um músico comprometido com valores
humanistas, expressos, em doses acertadas de simplicidade e sofisticação, em
dezenas de canções memoráveis.
quinta-feira, 9 de abril de 2015
Tropicália 1
Há discos que têm a virtude de
sintetizar a complexidade de um determinado momento, fixando, por gerações, um
mundo que o tempo levou. Os exemplos são aos montes: No New York (1978), Divergências
(1986), Lonely is an Eyesore (1987), Headz: A Soundtrack Of Experimental
Beathead Jams (1994) ou, o que agora nos interessa, Tropicália ou Panis et Circencis,
disco que em 1968 cartografou a música inconformista de um Brasil subjugado ao
cinzentismo de um poder avesso à liberdade.
quarta-feira, 8 de abril de 2015
Solidários com Bickle
Regressa a música de
Bernard Herrmann ao nosso Jardim, desta vez a bordo de Taxi Driver, filme de
1976 realizado por Martin Scorsese. Robert Niro estava então na plenitude e interpreta
a personagem de um desenraizado consumido pelo desejo de limpar a noite nova-iorquina
das mil e uma perversões que a habitam. No entanto, o banho de sangue por si
provocado acaba por ser digno do perdão de todos nós, que, no fundo, não
deixamos de partilhar a angústia de Travis Bickle.
terça-feira, 7 de abril de 2015
Alexandre a sós
Olhando para os factos, um
criminalista não teria dificuldades em encontrar uma relação irrefutável entre
o período de glória estética dos GNR e a presença de Alexandre Soares durante
aqueles anos de ouro. O gosto pela música não é uma ciência exata, mas o Jardim
tende a concordar com as evidências. Para baralhar ainda mais, devolve-se á vida
um disco de 1988 assinado por Soares, Um Projecto Global. Demasiado
desconhecido, é um momento de interlúdio entre a saída do guitarrista dos GNR e
o renascimento da sua arte a bordo dos Três Tristes Tigres.
segunda-feira, 6 de abril de 2015
domingo, 5 de abril de 2015
Uma escolha pascal
Não é uma espécie habitual no nosso Jardim, mas o Domingo de Páscoa justifica a escolha para hoje. Acima de tudo, esperemos que seja um dia de paz e amizade entre todos, devidamente fruído em família. Um abraço do Jardineiro de serviço!
sábado, 4 de abril de 2015
sexta-feira, 3 de abril de 2015
Zorn na cidade
Acompanhar o ritmo discográfico de
alguns músicos pode obrigar à manifestação de comportamentos obsessivos, tal a
dificuldade que a tarefa é suscetível de apresentar. Entre os vivos, os casos
de Fred Frith, Bill Laswell ou John Zorn são especialmente complexos, com
participações dispersas por inúmeros discos. Com o último ao comando, os Naked
City fizeram mossa em Lisboa e transformaram-se num dos mais reconhecidos rostos de
Zorn.
quinta-feira, 2 de abril de 2015
A centelha dos Sparklehorse 1
Os Sparklehorse estão hoje mais ou
menos esquecidos, mas no início do terceiro milénio o seu disco It´s a
wonderful life foi uma imensa declaração de fé na inesgotável capacidade de
renovação do Pop/Rock. Como faziam música demasiado discreta, estiveram
consideravelmente afastados das imensas minorias no presente tão incensadas, mesmo que
a bordo seguisse a inimitável PJ Harvey.
quarta-feira, 1 de abril de 2015
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