O Jardim de Inverno dos Nibelungos é uma fanzine online e não pretende mais do que fazer a crónica de um mundo onde o exílio é voluntário. Sejam bem-vindos.
sábado, 28 de fevereiro de 2015
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015
As palavras de Balla 3
Eu
nunca dei um passo atrás
Que não fosse capaz de um dia o emendar
Sonhar com um outro futuro muito menos escuro
Que nos ponha a brilhar
Que não fosse capaz de um dia o emendar
Sonhar com um outro futuro muito menos escuro
Que nos ponha a brilhar
Os grandes A.R. Kane 1
Está ainda hoje por explicar o que levou o afã classificador da imprensa britânica a
chamar “The Jesus & Mary Chain negros” aos A.R. Kane, pois basta ouvir o
seu LP de estreia – 69, editado em 1988 – para mensurar o disparate de tal
comparação. No caso dos ingleses, trata-se de música com residência habitual
nas nuvens, ainda que livre dos constrangimentos de alguma Pop mais tísica e devidamente diplomada em queixumes.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
terça-feira, 24 de fevereiro de 2015
A ironia dos Negativland 1
Não é fácil
dominar o excesso. Na música Pop/Rock, a vontade de experimentar os limites
acarreta sérios riscos para a construção de uma discografia inteligível. Por
exemplo, os norte-americanos Negativland padeceram, muitas vezes, desse
turbilhão de ideias à deriva, mas em Escape from Noise, de 1987, ordenaram a
torrente e conferiram sentido estético à ferocidade da sua ironia. De Michael
Jackson à terapia psiquiátrica, nada lhes escapou.
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015
domingo, 22 de fevereiro de 2015
O mistério de Gin Gillette
Não se sabe
com rigor a data de edição – algures no final da década de 50 – e pouco ou nada
da autoria – Gin Gillette. Mas é exatamente esta neblina que faz de Train to
Satanville uma daquelas peças depositárias do mistério original do Rock, que os
The Cramps, autoinvestidos em empenhados zeladores da causa, perseguiram, incessantemente, ao longo de décadas.
sábado, 21 de fevereiro de 2015
Pessoa e Al Berto, pelos Wordsong 1
Chamavam-se
Wordsong e juntaram-se com o único propósito de trazer à música Pop nacional o
convívio da poesia portuguesa, primeiro de Al Berto, depois de Fernando Pessoa.
Claro que a qualidade dos poemas não garantia, só por si, o desfecho das
canções, pois o segredo está sempre no olhar do sujeito. Pela heterodoxia das
individualidades do grupo – por exemplo,
Pedro d’Orey, um dos fundadores dos Mler Ife Dada –, essa
perspetiva nunca poderia ser mera reverência, mas antes uma leitura livre e inquieta das palavras dos poetas.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015
As palavras de Balla 2
Vai-te embora, vai-te embora,
Vai-te embora, embora já.
Vai-te embora, embora já.
Eu não gosto de ti
Mas tu gostas de mim
Mas tu gostas de mim
Toda a gente de quem gosto
Se apaixona por ti
Se apaixona por ti
Eu não gosto do mar
Nem tu gostas de mim
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015
As palavras de Balla 1
Eu
provavelmente morro com o fim da luta
Mas se te faz feliz eu paro
E recomeço com um ódio de amor
Que não nos faça tanto mal, que não nos torne mais amargos
E nos deixe sem dúvidas, eu
Provavelmente morro com o fim da luta, mas se te faz feliz...
Mas se te faz feliz eu paro
E recomeço com um ódio de amor
Que não nos faça tanto mal, que não nos torne mais amargos
E nos deixe sem dúvidas, eu
Provavelmente morro com o fim da luta, mas se te faz feliz...
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015
A voz de Aretha
Não cabe ao nosso humilde Jardim
proferir certezas inabaláveis sobre a grandeza deste ou daquela, pois só o
tempo tem a prerrogativa de hierarquizar influências e tendências, muitas vezes
subjugando os maiores a uma menoridade infame ou içando a mediocridade a um lugar
onde não pertence. Mas apesar dos desvarios do tempo, é difícil negar que
Aretha Franklin é a maior voz viva da música Pop, como, aliás, já o era há cinquenta anos.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2015
Um OVNI de Detroit 1
Sufjan Stevens já não terá tempo
para concretizar o seu plano monumental de gravar um disco para cada um dos
estados norte-americanos, mas o que já fez é mais do que suficiente para marcar
a música Pop/Rock dos últimos quinze anos. Stevens tem-se eximido à via sofrida
de muitos dos seus compatriotas, em favor de um carrossel orquestral que faz da
alegria e da tristeza sentimentos tão naturais como respirar.
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015
É só Fachada 1
O hiperativo B Fachada cometeu o
primeiro deslize da sua vida musical: o seu último disco, de 2014, só está
disponível digitalmente, o que é contrário ao gosto do Jardim pelo contacto com
o objeto que precede a música. Por isso, a atenção ao inegável mérito de
Fachada não inclui, em sinal de protesto, qualquer canção do ano passado. Mas
ainda fica muito por onde ouvir.
O romantismo da escassez 1
Há 25/30 anos, um concerto era um acontecimento, não porque a música fosse então
melhor, mas pela relativa raridade da vida no palco. Hoje, tudo é diferente e a
oferta em Portugal não se sente diminuída em relação a outras geografias. Claro
que a escassez tem uma dimensão romântica ausente da abundância e se,
normalmente, não estava disponível a primeira linha, acabava por aparecer gente
que nem sequer tinha cá discos à venda. Os industriais Bourbonese Qualk e a
trupe gaulesa Achwghâ Ney Wodei são exemplos
disso.
domingo, 15 de fevereiro de 2015
sábado, 14 de fevereiro de 2015
A história do bispo Valentim 1
Valentim era um
bispo do tempo do imperador Cláudio II, que por continuar a celebrar, contra a
decisão imperial, matrimónios de jovens romanos, acabou martirizado (270) e,
por isso, santificado. Hoje, Valentim não passa, como tantas outras coisas, de
uma marca comercial. A seu pretexto, o Jardim relembra, neste fim-de-semana,
algumas canções de filiação amorosa do agrado das florzinhas.
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015
O périplo de Forss
Soulhack (2003), de
Forss, foi uma extraordinária entrada para os primeiros passos do século XXI, ainda
que se tenha tratado de um episódio com escasso desenvolvimento por parte de Eric
Wahlforss, mais conhecido como fundador do SoundCloud. Ainda assim, fica a descrição de uma
marcante viagem pela paisagem do Velho Continente, que apresenta um jovem em
busca de uma sabedoria ancestral que nunca poderá ser experimentada por algum artifício
tecnológico, mas somente pela respiração dos lugares.
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015
O regresso de James Chance
James Chance estava
lá, naquela Nova Iorque efervescente na curva dos anos setenta para os oitenta.
Chance criou um estilo próprio, uma entidade mutante feita de Rock e Jazz, por
vezes excessiva no seu afrontamento. Ainda que irregularmente, o saxofonista
foi dando sinais de vida, mas a partir de 2010 torna-se mais presente com The Fix
is In e Incorrigible! (2012). No primeiro, a música muda-se para a Califórnia
da década de 40 e embala os cenários sombrios que a escrita superlativa de
Raymond Chandler inventou.
terça-feira, 10 de fevereiro de 2015
A nossa querida Cat 1
Não tem faltado ao nosso Jardim a
companhia de ótimas vozes femininas, a que se junta agora uma outra
especialmente querida, a da norte-americana Cat Power. You Are Free, de 2003,
será, porventura, o seu melhor disco, o que lhe concede a liberdade de passear
entre os canteiros ansiosos pela doçura primaveril. Mas antes dele, já havia a
tremenda Nude as the news, uma canção imersa nas terríveis exigências que a
idade adulta sempre encerra.
Um São Valentim sangrento 1
O nosso Jardim tem
mostrado as suas inclinações sobre o Rock produzido nos anos 80 – Sonic Youth,
The Jesus & Mary Chain… Por acaso, ainda não soou outra preferência, os
irlandeses My Bloody Valentine, ótimo nome inspirado no príncipe do crime
organizado norte-americano, Al Capone. Quanto ao grupo de Kevin Shields, é
outro feliz exemplo do encontro entre lirismo profundo e generosas doses de
adrenalina.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
domingo, 8 de fevereiro de 2015
O Jogo Sagrado
Não são muitas as
canções, com cenário futebolístico, que valham a pena. Mas porque hoje é dia de
jogo sagrado, trazemos ao nosso Jardim uma que foge à regra da mediocridade, São
Sete Voltas P´rá Muralha Cair, de Tiago Guillul, o pastor evangélico
responsável pela editora Florcaveira. Para o fim fica um desejo pleno de
espírito desportista: aconteça o que acontecer, que ganhe o Sport Lisboa e Benfica...
sábado, 7 de fevereiro de 2015
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
The United States of America
A ousadia, para ser
bem sucedida, carece de uma – à primeira vista improvável – razoável aliança com o
discernimento. A música excessivamente filiada numa vocação experimental
torna-se derivativa e corre o risco de parecer futilmente estranha. Em 1968, os
The United States of America conseguiram exatamente o inverso, quando
confirmaram a observação do poeta sobre a estranheza que se vai entranhando,
prova de vida do que vem para ficar.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015
Jimmy para sempre
Regressamos a
Herrmann, Hitchcock e à obra suprema, que já foi aqui recordada a propósito do
seu genérico. Logo no princípio de Vertigo, o enorme James Stewart (nunca mais
houve outro igual) persegue um vulto pelos telhados de São Francisco e um
agente policial acaba por perder a vida, momento traumático que vai despoletar
a tragédia de Stewart. A música de Herrmann é o batimento cardíaco de um pesadelo que podia ter saído dos estúdios da UFA na década de vinte.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015
terça-feira, 3 de fevereiro de 2015
De Bolonha ao Cupido 1
Tal como acontecera
com os The Human League do segundo para o terceiro LP, também os Scritti
Politti se transformaram profundamente depois de terem começado na trincheira
mais politizada do Pós-Punk com o single Skank Bloc Bologna (1978). No entanto,
quando saiu o LP Songs to Remember, em 1982, o passado era já um facto distante e ainda
mais ficou com o segundo, Cupid & Psyche 85, que completou a metamorfose do
grupo do galês Green Gartside.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
domingo, 1 de fevereiro de 2015
O grupo que agradou a gregos e troianos 1
É difícil encontrar
um grupo tão hábil como os norte-americanos R.E.M. na gestão do prestígio
somado ao longo de três décadas. Ao contrário de outros, o ganho de novos públicos nunca
significou a perda dos anteriores e no fim da sua carreira continuavam a
agradar aos velhos sonhadores do tempo romântico das rádios universitárias,
gente que nunca se importou de partilhar o gosto com todos aqueles que só deram
por Michael Stipe na altura de Losing My Religion.
O outro mundo de Brian Eno 1
A figura de Brian
Eno é indissociável dos muitos progressos realizados pela música Pop/Rock nos
últimos quarenta anos, influência que se reparte pela autoria e pela produção.
Para além dos extraordinários LPs gravados com Jon Hassell e David Byrne, talvez
Eno tenha o seu melhor disco em Another Green World, de 1975, no qual abandona
a tempestade elétrica que o marcara antes e define um género atmosférico que a
crítica cunhará como música ambiental.
Subscrever:
Mensagens (Atom)