segunda-feira, 30 de março de 2015

Memória de Magalhães 4



O regresso dos XTC

Os ingleses XTC são, desde há muito, uma espécie endémica no nosso Jardim. Depois do antes de Skylarking – com uma pequena retrospetiva do período New Wave do grupo –, olhamos agora para o após daquele disco e viajamos até 1999, ano de Apple Venus Volume 1, prova definitiva que o passar do tempo nem sempre é sinal de conformismo, embora, tantas vezes, seja este o destino de muitos.



O estranho caso de Farinha Master 3



domingo, 29 de março de 2015

Jefferson tinha um avião 1

Os Jefferson Airplane são um dos mais amados grupos da convulsão psicadélica que varreu os Estados Unidos na segunda metade dos anos 60, até ao momento em que os graves distúrbios no Festival de Altamont (1969) encerraram a utopia Hippie resumida na célebre fórmula peace and love. Indiferente às circunstâncias do tempo e do espaço, Crown of Creation, de 1968, continua a ser uma ótima fonte de prazer para qualquer amante de música.



Metade dos Kings of Convenience 3



quarta-feira, 25 de março de 2015

O estranho caso de Farinha Master 1

Há ironias e ironias. Na Pop lusa, nenhuma será mais reconhecida do que a de Rui Reininho – culta, cosmopolita, narcísica, de salão. Depois, temos o outro lado – desconhecido, desconcertante, a raiar o tumulto. Carlos Cordeiro / Farinha Master, personagem central dos Ocaso Épico, ocupa, por direito próprio, este lugar revolto, vivido no limite. Por isso, Farinha desapareceu precocemente, enquanto o portuense aguenta firme, ainda que, ironicamente, justaposto ao filho do Carreira e ao Ralph. 



O que é The National é bom 7



domingo, 22 de março de 2015

Eu divirjo, tu diverges, ele diverge... 3



Memória de Magalhães 1

A memória guarda com prazer o entusiasmo do falecido jornalista Fernando Magalhães ao balcão da discoteca Contraverso, empenho que também podia ser sintonizado no alienígena Estranhas Frequências, programa emitido na Rádio Universidade Tejo. Ao longo de anos, Magalhães conseguiu o impensável: trazer à luz do dia música pouco mais do que ignorada pelas próprias minorias.



sábado, 21 de março de 2015

O bom canadiano 2



Metade dos Kings of Convenience 1

No nosso Jardim, não é invulgar uma plantinha lembrar-se, a propósito de algum motivo, de uma sua semelhante. Há dias, a chuva levou-nos à Noruega dos Kings of Convenience, enquanto hoje passamos a metade destes, Erlend Øye, e ao seu Unrest, que merece, pelo menos, uma passagem tripla por entre os mil caminhos que cruzam este pequeno e discreto recanto do planeta Terra.



sexta-feira, 20 de março de 2015

O bom canadiano 1

O Jardim não esquece as sementes que o fundaram, aqueles alicerces que nos trouxeram até aqui e nos dão alento para prosseguir até ao dia em que tudo acabe. De todos os pais fundadores, nenhum será mais importante do que Leonard Cohen, que regressa para mais um passeio entre a verdura e o florido que já quer anunciar a desejada primavera.



The Modern Lovers ajudam a salvar o Rock

Por mais que se teimasse no inverso, em meados dos anos 70 era inegável que se aproximava o fim do reinado do Rock Progressivo. O cerco foi levantado em vários pontos geográficos e, por caminhos diversos, desimpediu-se o horizonte, no qual se desenhariam o Punk e o seu após. Roadrunner, dos The Modern Lovers, é um desses momentos que, simultaneamente, libertam e refundam.



quinta-feira, 19 de março de 2015

Eu divirjo, tu diverges, ele diverge... 2




Eu divirjo, tu diverges, ele diverge... 1

Se é possível datar o arranque da música Pop/Rock portuguesa entre 1979 e 1981, é necessário aguardar mais uns anos para observar o nosso pequeno terramoto Pós-Punk, cuja diversidade está, essencialmente, cartografada no duplo LP Divergências (1986), da editora Ama Romanta, embora outros discos sejam também relevantes, como as coletâneas da Dansa do Som, ligada ao Rock Rendez-Vous. No entanto, foi o empreendimento de João Peste que trouxe à luz do dia um mundo quase desconhecido, ajudando, assim, a fixar a imagem de uma época invulgarmente criativa.




terça-feira, 17 de março de 2015

Spleen fora de época

Habitar num país latino e em pleno mês de março viver sob uma dieta climática própria das imediações do Báltico obriga a uma perseverança inesperada. Para tornar tudo pior, é ainda necessário percorrer a distância que liga Almada a Vialonga, sem que a chuva dê tréguas a um pobre condutor ansioso pelo bem-estar estival. Por isso, viramos a norte e vamos até à Noruega dos Kings of Convenience, uma ótima opção para um spleen fora de estação.



domingo, 15 de março de 2015

Dandy a solo

À boleia da atual dedicatória aos ingleses Roxy Music, lembrou-se o Jardim de dar um pulo no tempo e olhar para Bryan Ferry enquanto dandy a solo. O LP Boys and Girls, de 1985, foi um merecido sucesso, no qual o antigo vocalista dos Roxy reforçou a sua liderança no muito particular campeonato da Pop sofisticada e sensual. Moral da história: um belo teledisco para desfrutar abundantemente.  



Retoma industrial 2



sábado, 14 de março de 2015

O que é The National é bom 5



Retoma industrial 1

A reciclagem não conhece limites e nos últimos anos muitos se têm lembrado de reviver o pântano sónico dos velhos tempos da primeira vaga da música industrial, florescida por altura do Pós-Punk. Perdido para sempre o contexto original, ensaiam-se, com engenho variável, antigos sentimentos oriundos dos recantos mais sombrios da alma humana. Antes que se instale, definitivamente, a primavera, as nossas plantas partilham alguns dos preferidos.



quinta-feira, 12 de março de 2015

35 anos depois

Especialmente talhados para banda sonora contestatária dos primeiros anos das políticas de Margaret Thatcher, os The Pop Group nunca foram propriamente fáceis de escutar e os seus LPs estão repletos de arestas cortantes que o atestam. Passados 35 anos desde o fim, regressam com Citizen Zombie, um disco que não atraiçoa a visão do mundo que o grupo sempre fez questão de cantar. Desaconselha-se o teledisco a quem sofre de fotossensibilidade.



Academismo Pop 3



quarta-feira, 11 de março de 2015

Glam not Glam 1

Nos seus primeiros discos, os Roxy Music foram capazes de fincar um pé no Glam Rock, enquanto o segundo experimentava um outro terreno que fizesse da música dos ingleses algo diferente daquela matriz. A sabedoria do grupo sustenta-se, principalmente, numa ideia económica: limpar os excessos e remover as gorduras inúteis. Desprovida disto, a música dos Roxy de então é menos um símbolo de uma época e mais um sinal de um futuro relativamente próximo. Ao comando de tudo, Bryan Ferry interpreta o papel de crooner bamboleante.



Ari para sempre 3



segunda-feira, 9 de março de 2015

Academismo Pop 1

Os The Dream Academy podem reclamar-se da proximidade com alguns dos cultivadores mais exímios da Pop dos anos 80 – Prefab Sprout, The Blow Monkeys, Scritti Politti… Ainda assim, esta academia esteve razoavelmente esquecida durante décadas, mas uma oportuna reedição do ano passado fez plena justiça a um grupo demasiado bom para se ficar como mera nota de rodapé da grande enciclopédia da música Pop/Rock.



Super Laurie 3



domingo, 8 de março de 2015

Montanha-russa Pop 2



Ari para sempre 2



Ari para sempre 1

Ari Up desapareceu demasiado cedo deste mundo, que assim perdeu uma das figuras mais relevantes do Pós-Punk. Com as The Slits, Ari reconfigurou o papel do género feminino no seio da música Pop/Rock, desbravando caminho para os vindouros grupos de forte conotação feminista. O LP Cut é, porventura, a obra tutelar desta emancipação, mas ouvi-lo mal chega para disfarçar a tremenda falta que Ari nos faz.



sexta-feira, 6 de março de 2015

O que é The National é bom 3



Super Laurie 1

Simbolicamente, o afeto juntou duas partes distintas de Nova Iorque, mas que desde os anos 60 se cruzaram com regularidade. Em Lou Reed pulsava a marginalidade de um novo género de Rock, enquanto Laurie Anderson se movia nos salões mais vanguardistas da cidade. A notoriedade global chegou-lhe, em 1981, pelo inusitado sucesso de O Superman, que não fosse a insistência da BBC Radio 1, nunca teria passado de mais uma entre tantas outras obscuridades.



quarta-feira, 4 de março de 2015

O velho Apolo 70

Os Capitães da Areia são mais uma prova que a música portuguesa – quase – invisível é infinitamente melhor do que os pratos requentados que nos vão apresentando. Nasci para Enriquecer é um dos muitos desvarios do disco A Viagem dos Capitães da Areia a bordo do Apolo 70, nome que não deixará de fazer suspirar muitos dos antigos alunos da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa.



O que é The National é bom 1

Só o futuro demonstrará se os norte-americanos The National são, realmente, os fiéis depositários do prestígio transversal conquistado, ao longo de décadas, pelos compatriotas R.E.M., mas, até à data, tem sido possível ao grupo de Boxer manter esse difícil equilíbrio entre o gosto do pequeno público e a aceitação de plateias mais extensas. Deseja-se arduamente que continuem assim por muitos e bons anos.



terça-feira, 3 de março de 2015

Montanha-russa Pop 1

É o carrossel mais alucinante da Pop dos nossos dias, uma montanha-russa sónica que não dá descanso a quem nela estiver disposto a embarcar. tUnE-yArDs grava música repleta de alçapões e manobras perigosas, guinadas desenhadas a noventa graus que se inscrevem na carne de quem a escuta. Entre os nosso canteiros, assegura-se que vale bem a pena aceitar o trepidante desafio.



Pessoa e Al Berto, pelos Wordsong 7



segunda-feira, 2 de março de 2015

Um norte-americano em Portugal 3



A Pop invisível

O mundo é mesmo assim, a luz a incidir sobre uns e, raramente, a passar, sequer, nas imediações de outros. Por isso, muito boa Pop permanece fora de circulação e a simples pronunciação de certos nomes quase que soa a exaltação de um território obscurantista. Nada mais errado, mas nem vale a pena invocar os argumentos que o confirmem. Como exemplo, fica a maravilhosa música de Thao & Mirah.  



domingo, 1 de março de 2015

Um norte-americano em Portugal 2



Os grandes A.R. Kane 3



Um norte-americano em Portugal 1

Darin Pappas é um norte-americano de origem grega que, durante a década de 90, estacionou em Portugal, onde gravou, sob o nome de Ithaka, um disco inesquecível, infelizmente há muito inacessível a quem o queira guardar junto de si, Flowers and the Colour of Paint (1993). A sua ficha técnica revela uma nova geração da música portuguesa, que não participara diretamente na explosão de 1980, nem na agitação do Pós-Punk tardio gerado pela Ama Romanta, de João Peste. Em plenos anos 90, a alma da Pop nacional ia, assim, incorporando um património genético que lhe era, praticamente, desconhecido.