terça-feira, 30 de junho de 2015

Voz ao Krautrock 3



Memória da adolescência 4



Um guerrilheiro do Rock português 1

O nome não fará soar campainhas, mas a verdade é que o guitarrista Jorge Ferraz Martins já cá anda há mais de trinta anos. Seria razoavelmente aborrecido referir os grupos que inventou, alguns deles com direito a disco. Será, talvez, mais fácil afirmá-lo como o mais irredutível e esquivo guerrilheiro que o Rock português conheceu em todos estes anos, conforme se provará.



sábado, 27 de junho de 2015

Memória da adolescência 1

Vá lá saber-se porquê, mas um dos grupos mais importantes da adolescência do nosso Jardim não teve ainda o mais que esperado espaço. Os The Smiths foram o último caso sério da Pop inglesa, pois tiveram uma influência que esteve muito longe de se reduzir aos sinais exteriores da adulação. Dito de outro modo, não importava apenas a androgenia subtil ou o corte de cabelo de Morrisey, mas também ler Oscar Wilde e gostar do Alain Delon. Quem o conseguiu, posteriormente, de forma tão alargada?



sexta-feira, 26 de junho de 2015

Música Marginal Portuguesa 6



Voz ao Krautrock 1

Krautrock é uma designação tão vaga como Pós Punk, um mero nome utilizado para agrupar uma vasta realidade, mas que apresenta um substrato comum relacionado com um determinado espaço e uma época concreta. Dito diferentemente, trata-se de um certo Pop/Rock alemão sobrevindo nos anos 70, que tomou partido pelo inconformismo e foi capaz de dar um novo alento à música. Na realidade, uma vasta família a reclamar uma identidade forjada fora do eixo anglo-americano, como o Jardim notará a partir de agora.



Música Marginal Portuguesa 5



terça-feira, 23 de junho de 2015

Weill na voz de Ute

A propósito de um filme alemão recentemente visto – Phoenix, de Christian Petzold –, trazemos ao nosso Jardim uma velha canção de Kurt Weill, Speak Low (1943). A interpretação é da cantora Ute Lemper, que gravou, pelo menos, dois discos dedicados ao repertório do compositor. A uma determinada altura, Ute teve mesmo direito à simpatia de muitos portugueses – com discos vendidos e tudo –, bastante merecida, diga-se.



Música Marginal Portuguesa 2



segunda-feira, 22 de junho de 2015

No tempo do Psicadelismo 2



Música Marginal Portuguesa 1

Poder-se-ia chamar música marginal portuguesa a este segmento de música, feita em território nacional, raramente ouvida, vista ou discutida. Ainda assim, lá se foram gravando uns discos, na maior parte dos casos sem o legítimo direito a reedição. A escolher o nome mais heroico desta saga solitária, os Telectu desempenhariam, como ninguém, esse papel.



domingo, 21 de junho de 2015

O subúrbio inventa o Rock português 3



No tempo do Psicadelismo 1

No universo do Pop/Rock, compilar os sinais de uma determinada geração é um exercício comum, talvez narcisista, mas de extrema utilidade para a preservação da memória. Depois de outros exemplos, viajamos agora a alguns momentos áureos do Psicadelismo com Nuggets: Original Artyfacts From The First Psychedelic Era 1965-1968, disco mais precioso do que todas as discografias juntas dos psicadélicos recém-chegados e num ápice transformados em santos dos nossos dias.   



sábado, 20 de junho de 2015

Pop Dell ´ Arte numa noite de verão

Sábado à noite, uma noite de quase verão, a ironia desencantada dos Pop Dell´ Arte, a voz de João Peste, um mistério inventado em Campo de Ourique.



Uma escolha referendada

Não será uma democracia tão antiga como a inglesa, mas o nosso Jardim orgulha-se dos seus princípios de respeito pela vontade popular, neste caso bem impregnada de clorofila. No último ato emanado deste espírito, referendou-se a canção que nunca podia ter sido feita senão nos anos 80. A escolha, com um resultado esmagador, foi Primitive Painters, fruto da momentânea parceria entre os Felt e Elizabeth Fraizer, dos Cocteau Twins. Afinal, ainda é possível acreditar na retidão cívica das nossas gentes.



Em busca de Robert Haigh 7



quinta-feira, 18 de junho de 2015

Uma voz do presente 3



O subúrbio inventa o Rock português 1

Passados mais de 35 anos, é difícil imaginar, face à presente abundância, o estado do Pop/Rock português no final da década de 70. Nas palavras de António Manuel Ribeiro, os seus UHF surgiram do nada, como um sinal de vida num cenário quase lunar. Na verdade, aqui e ali despontavam outros prenúncios, como o LP Música Moderna (1979), dos Corpo Diplomático, mas a maré só engrossara no ano seguinte e os almadenses gravam o primeiro disco da vaga Rock, À Flor da Pele (1981). Rui Veloso até editou antes o seu LP, mas sem a apropriada contundência do subúrbio.



segunda-feira, 15 de junho de 2015

Em busca de Robert Haigh 4



Uma voz do presente 1

Enquanto a norte-americana Meredith Monk se passeia pelo nosso Jardim, passa também por ele a voz de Holly Herndon no disco Platform, de 2015. De certa forma, ambas pertencem à mesma família, mas enquanto Monk começou com as circunstâncias dos anos 70, Herndon vive imersa no mundo digital que a Internet encerra. Mas o princípio e o fim de tudo continua a ser a voz humana.



sábado, 13 de junho de 2015

Meredith nos Encontros Acarte 1

Há muito que desapareceram, mas neste tempo de festivais musicais tão indistintos desde aqui até São Petersburgo, bem falta fazem os Encontros Acarte da Fundação Calouste Gulbenkian, pois se pretendiam sintonizar os caminhos da música contemporânea, podiam igualmente ser um momento em que se provava a facilidade de aderir a alguma música tida por difícil. Em 1992, Meredith Monk demonstrou em Lisboa que a divisão habitual entre os dois mundos pode ser um manifesto exagero.  



Em busca de Robert Haigh 1

Robert Haigh cresceu entre a fação mais radical do Pós-Punk londrino, mas guardou, desde cedo, no íntimo um gosto decisivo por Debussy e Satie. Depois do submundo – Nurse With Wound ou os seus Fote e Sema –, gravou alguns discos de música minimalista, rapidamente tornados objeto de culto. Nos anos 90, emprestou a sua dimensão ambiental ao Drum & Bass, género que muito deveu aos Omni Trio. Nos últimos anos regressou ao amor original com vários CDs de composições para piano. Partamos então ao encontro de Haigh. 



O admirável mundo da Mo Wax 3



quarta-feira, 10 de junho de 2015

Um feriado à medida dos Heróis do Mar 2



Um feriado à medida dos Heróis do Mar 1

Será com certeza uma escolha demasiado óbvia para o dia 10 de Junho (segue com maiúscula, apesar do famigerado acordo ortográfico), mas os Heróis do Mar foram dos pouquíssimos grupos da Pop nacional a instrumentalizar alguns dos símbolos e valores dependentes duma visão sentidamente orgulhosa do passado de Portugal. A provocação foi, sem dúvida, calculada com regra e esquadro, mas o que realmente importa é o valor intrínseco da sua música. 



terça-feira, 9 de junho de 2015

O admirável mundo da Mo Wax 1

A um determinado momento dos anos 90, a editora londrina Mo Wax era a vanguarda da Pop, como atestou a compilação Headz: A Soundtrack Of Experimental Beathead Jams (1994). Aqui se reúne a descendência do Trip Hop inventado em Bristol pelo triunvirato Massive Attack, Portishead e Tricky, mas que se apresenta como um primo excêntrico a transbordar de ideias, as quais, devidamente refreadas, foram capazes de inventar um novo mundo sónico.



A discrição Pop dos The Blue Nile 6



segunda-feira, 8 de junho de 2015

Um Von Brau em Lisboa 2



De regresso a Brooklyn

Aproveitando as últimas escolhas do nosso Jardim – comboios, noite, deriva –, viajamos agora a bordo de um instrumental dos nova-iorquinos Brooklyn Funk Essentials, nome mais ou menos esquecido dos anos 90 que gravou o belo Cool and Steady and Easy (1994). Vagarosamente, regressamos a casa no L Train nas horas mais profundas da madrugada e a música é o único conforto que apazigua o cansaço que os corpos carregam.



domingo, 7 de junho de 2015

A discrição Pop dos The Blue Nile 5



Um Von Brau em Lisboa 1

Die Von Brau é mais um expatriado português entretanto regressado à pátria. Nas suas palavras, a inércia musical que notou aquando do seu retorno trouxe-o à beira deste ambientalismo atravessado pela pulsão da vida urbana. Discorda-se da inércia, mas aceita-se com muito agrado esta viagem mental pela cidade de Lisboa.



quinta-feira, 4 de junho de 2015

A discrição Pop dos The Blue Nile 3



Os Bourbonese Qualk por Ancient Methods

Algures, alguém se lembrou de recuperar os velhos Bourbonese Qualk, grupo da dita música industrial que visitou Lisboa e Porto por diversas vezes. Do resgate, resultou um apanhado do melhor que terão feito em meia-dúzia de discos, na verdade pouco ouvidos quando viram a luz do dia. Algo inesperadamente, foram reavivados no presente e o tema Lies, de 1986, até objeto de remistura às mãos do germânico Ancient Methods.



terça-feira, 2 de junho de 2015

Melhor só os Sobrinhos do Capitão!

Certamente o disco do ano em Portugal e dificilmente se ouvirá, em 2015, coisa melhor por esse Planeta fora do que A Viagem dos Capitães da Areia a Bordo do Apolo 70. Para escutar... escutar... escutar...


O passado vivificado 6



segunda-feira, 1 de junho de 2015

A discrição Pop dos The Blue Nile 1

O brasileiro João Gilberto, os galeses Young Marble Giants ou agora os escoceses The Blue Nile, todos eles, à sua maneira, cultores da discrição como parte essencial da música Pop. Com uma escassa discografia, gravaram dois discos imperdíveis, A Walk Across the Rooftops (1983) e Hats (1989), que são o outro lado do foguetório que, tantas vezes, preside aos destinos da Pop. Naqueles prevalecem a noite profunda e o lento passar do tempo, como se a velocidade fosse um facto quase estranho à espécie humana.



O passado vivificado 5