O Jardim de Inverno dos Nibelungos é uma fanzine online e não pretende mais do que fazer a crónica de um mundo onde o exílio é voluntário. Sejam bem-vindos.
terça-feira, 30 de junho de 2015
Um guerrilheiro do Rock português 1
O nome não
fará soar campainhas, mas a verdade é que o guitarrista Jorge Ferraz Martins já
cá anda há mais de trinta anos. Seria razoavelmente aborrecido referir os
grupos que inventou, alguns deles com direito a disco. Será, talvez, mais fácil
afirmá-lo como o mais irredutível e esquivo guerrilheiro que o Rock português
conheceu em todos estes anos, conforme se provará.
segunda-feira, 29 de junho de 2015
domingo, 28 de junho de 2015
sábado, 27 de junho de 2015
Memória da adolescência 1
Vá lá
saber-se porquê, mas um dos grupos mais importantes da adolescência do nosso
Jardim não teve ainda o mais que esperado espaço. Os The Smiths foram o último
caso sério da Pop inglesa, pois tiveram uma influência que esteve muito longe
de se reduzir aos sinais exteriores da adulação. Dito de outro modo, não
importava apenas a androgenia subtil ou o corte de cabelo de Morrisey, mas
também ler Oscar Wilde e gostar do Alain Delon. Quem o conseguiu,
posteriormente, de forma tão alargada?
sexta-feira, 26 de junho de 2015
Voz ao Krautrock 1
Krautrock é
uma designação tão vaga como Pós Punk, um mero nome utilizado para agrupar uma
vasta realidade, mas que apresenta um substrato comum relacionado com um
determinado espaço e uma época concreta. Dito diferentemente, trata-se de um
certo Pop/Rock alemão sobrevindo nos anos 70, que tomou partido pelo inconformismo
e foi capaz de dar um novo alento à música. Na realidade, uma vasta família a
reclamar uma identidade forjada fora do eixo anglo-americano, como o Jardim
notará a partir de agora.
quinta-feira, 25 de junho de 2015
quarta-feira, 24 de junho de 2015
terça-feira, 23 de junho de 2015
Weill na voz de Ute
A propósito
de um filme alemão recentemente visto – Phoenix, de Christian Petzold –, trazemos
ao nosso Jardim uma velha canção de Kurt Weill, Speak Low (1943). A
interpretação é da cantora Ute Lemper, que gravou, pelo menos, dois discos
dedicados ao repertório do compositor. A uma determinada altura, Ute teve mesmo
direito à simpatia de muitos portugueses – com discos vendidos e tudo –,
bastante merecida, diga-se.
segunda-feira, 22 de junho de 2015
Música Marginal Portuguesa 1
Poder-se-ia
chamar música marginal portuguesa a este segmento de música, feita em território
nacional, raramente ouvida, vista ou discutida. Ainda assim, lá se foram
gravando uns discos, na maior parte dos casos sem o legítimo direito a reedição.
A escolher o nome mais heroico desta saga solitária, os Telectu desempenhariam,
como ninguém, esse papel.
domingo, 21 de junho de 2015
No tempo do Psicadelismo 1
No universo do Pop/Rock, compilar os
sinais de uma determinada geração é um exercício comum, talvez narcisista, mas de
extrema utilidade para a preservação da memória. Depois de outros exemplos,
viajamos agora a alguns momentos áureos do Psicadelismo com Nuggets:
Original Artyfacts From The First Psychedelic Era 1965-1968, disco mais
precioso do que todas as discografias juntas dos psicadélicos recém-chegados e
num ápice transformados em santos dos nossos dias.
sábado, 20 de junho de 2015
Pop Dell ´ Arte numa noite de verão
Sábado à
noite, uma noite de quase verão, a ironia desencantada dos Pop Dell´ Arte, a voz de João Peste, um mistério inventado em Campo de Ourique.
Uma escolha referendada
Não será uma
democracia tão antiga como a inglesa, mas o nosso Jardim orgulha-se dos seus
princípios de respeito pela vontade popular, neste caso bem impregnada de clorofila.
No último ato emanado deste espírito, referendou-se a canção que nunca podia
ter sido feita senão nos anos 80. A escolha, com um resultado esmagador, foi
Primitive Painters, fruto da momentânea parceria entre os Felt e Elizabeth Fraizer, dos Cocteau Twins. Afinal, ainda é possível acreditar na retidão cívica das nossas
gentes.
sexta-feira, 19 de junho de 2015
quinta-feira, 18 de junho de 2015
O subúrbio inventa o Rock português 1
Passados
mais de 35 anos, é difícil imaginar, face à presente abundância, o estado do
Pop/Rock português no final da década de 70. Nas palavras de António Manuel
Ribeiro, os seus UHF surgiram do nada, como um sinal de vida num cenário quase
lunar. Na verdade, aqui e ali despontavam outros prenúncios, como o LP Música
Moderna (1979), dos Corpo Diplomático, mas a maré só engrossara no ano seguinte
e os almadenses gravam o primeiro disco da vaga Rock, À Flor da Pele (1981).
Rui Veloso até editou antes o seu LP, mas sem a apropriada contundência do subúrbio.
quarta-feira, 17 de junho de 2015
terça-feira, 16 de junho de 2015
segunda-feira, 15 de junho de 2015
Uma voz do presente 1
Enquanto a
norte-americana Meredith Monk se passeia pelo nosso Jardim, passa também por
ele a voz de Holly Herndon no disco Platform, de 2015. De certa forma, ambas
pertencem à mesma família, mas enquanto Monk começou com as circunstâncias dos
anos 70, Herndon vive imersa no mundo digital que a Internet encerra. Mas o
princípio e o fim de tudo continua a ser a voz humana.
domingo, 14 de junho de 2015
sábado, 13 de junho de 2015
Meredith nos Encontros Acarte 1
Há muito que desapareceram, mas neste
tempo de festivais musicais tão indistintos desde aqui até São Petersburgo, bem
falta fazem os Encontros Acarte da Fundação Calouste Gulbenkian, pois se
pretendiam sintonizar os caminhos da música contemporânea, podiam igualmente
ser um momento em que se provava a facilidade de aderir a alguma música tida
por difícil. Em 1992, Meredith Monk demonstrou em Lisboa que a divisão habitual
entre os dois mundos pode ser um manifesto exagero.
Em busca de Robert Haigh 1
Robert Haigh cresceu entre a fação
mais radical do Pós-Punk londrino, mas guardou, desde cedo, no íntimo um gosto
decisivo por Debussy e Satie. Depois do submundo – Nurse With Wound ou os seus
Fote e Sema –, gravou alguns discos de música minimalista, rapidamente tornados
objeto de culto. Nos anos 90, emprestou a sua dimensão ambiental ao Drum & Bass,
género que muito deveu aos Omni Trio. Nos últimos anos regressou ao amor
original com vários CDs de composições para piano. Partamos então ao encontro
de Haigh.
sexta-feira, 12 de junho de 2015
quinta-feira, 11 de junho de 2015
quarta-feira, 10 de junho de 2015
Um feriado à medida dos Heróis do Mar 1
Será com certeza uma escolha
demasiado óbvia para o dia 10 de Junho (segue com maiúscula, apesar do
famigerado acordo ortográfico), mas os Heróis do Mar foram dos pouquíssimos
grupos da Pop nacional a instrumentalizar alguns dos símbolos e valores dependentes
duma visão sentidamente orgulhosa do passado de Portugal. A provocação foi, sem
dúvida, calculada com regra e esquadro, mas o que realmente importa é o valor intrínseco
da sua música.
terça-feira, 9 de junho de 2015
O admirável mundo da Mo Wax 1
A um determinado momento dos anos
90, a editora londrina Mo Wax era a vanguarda da Pop, como atestou a compilação
Headz: A Soundtrack Of Experimental Beathead Jams (1994). Aqui se reúne a descendência
do Trip Hop inventado em Bristol pelo triunvirato Massive Attack, Portishead e
Tricky, mas que se apresenta como um primo excêntrico a transbordar de ideias, as quais, devidamente refreadas, foram capazes de inventar um novo mundo sónico.
segunda-feira, 8 de junho de 2015
De regresso a Brooklyn
Aproveitando as últimas escolhas do
nosso Jardim – comboios, noite, deriva –, viajamos agora a bordo de um
instrumental dos nova-iorquinos Brooklyn Funk Essentials, nome mais
ou menos esquecido dos anos 90 que gravou o belo Cool and Steady and Easy (1994).
Vagarosamente, regressamos a casa no L Train nas horas mais profundas da
madrugada e a música é o único conforto que apazigua o cansaço que os corpos
carregam.
domingo, 7 de junho de 2015
Um Von Brau em Lisboa 1
Die Von Brau
é mais um expatriado português entretanto regressado à pátria. Nas suas
palavras, a inércia musical que notou aquando do seu retorno trouxe-o à beira
deste ambientalismo atravessado pela pulsão da vida urbana. Discorda-se da
inércia, mas aceita-se com muito agrado esta viagem mental pela cidade de
Lisboa.
sábado, 6 de junho de 2015
Náusea à beira do IC 17
Na verdade,
dever-se-ia chamar Happy Birthday Pigface Jesus, mas o que conta é a intenção.
sexta-feira, 5 de junho de 2015
quinta-feira, 4 de junho de 2015
Os Bourbonese Qualk por Ancient Methods
Algures,
alguém se lembrou de recuperar os velhos Bourbonese Qualk, grupo da dita música
industrial que visitou Lisboa e Porto por diversas vezes. Do resgate, resultou
um apanhado do melhor que terão feito em meia-dúzia de discos, na verdade pouco
ouvidos quando viram a luz do dia. Algo inesperadamente, foram reavivados no
presente e o tema Lies, de 1986, até objeto de remistura às mãos do germânico
Ancient Methods.
quarta-feira, 3 de junho de 2015
terça-feira, 2 de junho de 2015
Melhor só os Sobrinhos do Capitão!
Certamente o
disco do ano em Portugal e dificilmente se ouvirá, em 2015, coisa melhor por esse
Planeta fora do que A Viagem dos Capitães da Areia a Bordo do Apolo 70. Para escutar... escutar... escutar...
segunda-feira, 1 de junho de 2015
A discrição Pop dos The Blue Nile 1
O brasileiro João
Gilberto, os galeses Young Marble Giants ou agora os escoceses The Blue Nile,
todos eles, à sua maneira, cultores da discrição como parte essencial da música Pop.
Com uma escassa discografia, gravaram dois discos imperdíveis, A Walk Across the
Rooftops (1983) e Hats (1989), que são o outro lado do foguetório que, tantas
vezes, preside aos destinos da Pop. Naqueles prevalecem a noite profunda
e o lento passar do tempo, como se a velocidade fosse um facto quase estranho à
espécie humana.
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